Master chef do asfalto e o ingrediente secreto: A infraestrutura.

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Se tem uma coisa que todo motorista brasileiro devia ter é um diploma de Master Chef, pois afinal ele entende muito bem de panelas. Pena que o resultado é meio indigesto, pois as inúmeras panelas que falo trazem azia. Ao invés da água na boca, quem encharca são nossos olhos. Ainda aqui, onde temos um índice de infraestrutura viária dos piores do Brasil. Mas o que esquecemos é que a infraestrutura viária é uma das peças mais importantes no quebra-cabeça da segurança no trânsito. E os Catarinenses ignoram isso, pois basta olhar nossos representantes e ver o que de fato fazem pela nossa infraestrutura viária. Falo isso porque estive agora, esta semana, em Lucas do Rio Verde–MT, uma cidade em franco crescimento, mas com uma população de menos de 100 mil habitantes. Para chegar lá, pousei no aeroporto de Sinop, distante 150km. Por curiosidade, descobri que Sinop tem 223.780 habitantes. Fiz esta consulta porque a estrada, BR 163, que liga estas duas cidades, está em plena duplicação, inclusive com turno dobrado de obras. E segundo o prefeito de Lucas, a região já está trabalhando, e logo vai sair, o contorno viário, além de uma ferrovia a passar pela cidade. Aí pensei, Sinop tem menos que a metade da população de Florianópolis, Lages é 60% mais populosa que Lucas, e o trecho da BR 282 que liga as duas tem 220 km. Vendo isso me perguntei: É absurdo duplicar a 282? Será que nossos representantes acham que não da mesmo? O que nossos políticos estão fazendo? Pode parecer óbvio, mas vale repetir: estrada boa salva vidas. Investir em boas rodovias não é luxo, é prevenção. Cada real aplicado em infraestrutura pode evitar gastos dez vezes maiores com acidentes, socorro e hospital. Sem contar o valor que não se mede: vidas preservadas e famílias inteiras poupadas do luto. A OMS estima que 30% dos acidentes têm relação direta com falhas de infraestrutura. Infraestrutura ruim, até o melhor motorista tropeça. E não adianta culpar só o motorista. Educação e prudência são essenciais — mas até o condutor mais cuidadoso pode se complicar quando enfrenta estradas sem acostamento, curvas mal projetadas, pistas simples superlotadas e esburacadas. E ainda, infraestrutura também educa. Uma pista bem sinalizada ensina o motorista a respeitar as faixas, as distâncias e as velocidades. Já uma estrada abandonada passa a mensagem contrária — “aqui vale tudo”. E quando o asfalto vira terra de ninguém, o risco vira rotina. Infraestrutura não é só concreto e tinta: é cidadania em forma de asfalto.