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Debaixo dos caracóis de seus cabelos

15/10/2025 18:22

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Quem lembra desta música de Roberto Carlos e Erasmo? “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” é uma expressão de amizade, solidariedade e resistência artística que marca um momento importante da história política e cultural do Brasil nos anos de chumbo da ditadura, e não uma música romântica. Ela foi escrita para driblar a censura e assim, os autores poderem homenagear Caetano Veloso, que se encontrava no exílio. E como esta manobra que os nossos artistas da jovem guarda fizeram para dizer algo muito mais além das palavras e da melodia, no trânsito também acontecem coisas assim. Recentemente, um caso muito triste pode ser visto por este prisma. Foi sobre o assassinato de um professor aqui em Santa Catarina, na cidade de São José, onde a vítima foi alvejada por 8 disparos de arma de fogo e morreu no local do crime. As investigações iniciaram pela tese de tentativa de latrocínio. Mas como “Debaixo dos caracóis”, existia uma história que estava oculta sobre aquele brutal episódio. Não se tratava de um crime motivado pelo furto, ou um acerto de contas, mas sim de um crime passional, uma vingança pelo sentimento de perca. A vítima atual teria sido o algoz em um passado recente, pois se envolveu em um sinistro de trânsito no qual foi indiciado por homicídio culposo. Todavia, a classificação culposa não diminui dor, e a família não se conformou com a perca prematura do filho. Mesmo estando em andamento, o processo judicial não trazia alento e senso de justiça para os familiares. Foi então que o pai da primeira vítima, a do sinistro de trânsito, resolveu, de forma totalmente desvairada e equivocada, pensar que faria justiça à moda de Hamurábi, e tirou a vida do outro jovem. Trouxe este caso triste para alertar sobre as consequências de um trânsito violento, sobre os desdobramentos que um sinistro, uma discussão ou um mal-entendido podem resultar. Quando falamos em um trânsito mais humano, é em todos os sentidos. Quando ignoramos a legislação, achando que está tudo bem, quando não nos preocupamos na agilidade da resolução dos conflitos, ou quando não somos empáticos, e resolvemos jogar nossos fantasmas para cima de alguém que sem querer passou na nossa frente, o resultado vai ser sempre inadequado. Por isso, a segurança no trânsito deve estar embasada em uma mudança cultural, onde tenhamos consciência de que o trânsito é um espaço de convívio social, o qual dividimos com pessoas diferentes que nós, com objetivos e pensamentos divergentes. Logo, devemos ter empatia, paciência e acima de tudo respeito pelos outros. Somente assim construiremos uma mobilidade segura e humana.

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