Rogai por nós... os pe...destres

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O pedido que nós, cristãos, fazemos em nossas orações, pedindo para que o Pai Celeste vele por nós em nossa humanidade imperfeita. Guardadas as devidas proporções, parece ser um clamor também aos condutores olharem o pedestre. No dia 04, semana passada, tivemos mais uma tragédia em nossa cidade, um atropelamento que resultou em uma vítima morta. Perdemos um símbolo do empoderamento feminino e uma referência em pioneirismo na medicina, a Dra. Ivanda Pucci, a primeira médica oncologista de Lages, sucumbiu, aos 80 anos, diante de mais uma imprudência e desrespeito aos pedestres nas ruas e avenidas de nossa cidade. Este sinistro, nos traz duas dimensões muito importantes e esquecidas no trânsito: o pedestre e o pedestre idoso. Tenho reparado que a faixa de pedestre, tecnicamente de segurança, não passa de um adorno nos pavimentos lageanos. Passa despercebida por alguns e desrespeitada por muitos. Ainda traz um outro viés, aqueles que são responsáveis, que enxergam a necessidade de humanidade e respeito no trânsito, muitas vezes ficam inibidos em parar para a travessia, pois temem serem colididos por incautos, ou ainda, quando em pistas duplas, ficam receosos de que o veículo do lado não pare e coloque em risco o pedestre. Resumo da ópera: em Lages, a faixa de pedestre é enfeite! Mas o que fazer então? Digo a vocês, com minha experiência de mais de 3 décadas trabalhando com trânsito, que é necessário um esforço social para que as mudanças aconteçam, e como bons brasileiros que somos, sem uma vigilância, dificilmente algo acontecerá. Portanto, o investimento em recursos humanos é indispensável, tanto para fiscalizar o cumprimento do CTB, quanto para realizar ações educativas para que o hábito de parar para os pedestres seja mais do que uma obrigação, e passe a fazer parte da cultura local. Bem, você pode estar pensando que é história para boi dormir, mas não é. Nossa capital federal, Brasília, no final dos anos 90, mais especificamente no ano de promulgação do CTB, 1997, iniciou uma forte campanha conhecida como “movimento Brasília — Capital do Pedestre”. Esta campanha agiu, como diria o psicólogo Paulo Gaudêncio, nos coeficientes intelectual e emocional das pessoas. No aspecto intelectual, campanhas mostrando a importância do respeito ao pedestre, e no aspecto emocional, um aumento significativo na fiscalização desta infração de trânsito. Resultado, em pouco tempo houve uma redução drástica no número de atropelamentos de pedestres, e o comportamento de parar na faixa para as pessoas passarem tornou-se um comportamento dos condutores. Gente, é preciso olhar as pessoas no trânsito, e os mais frágeis são os pedestres, e dentre eles as crianças e idosos, mas há como fazer isso acontecer. Que tal um movimento “A Princesa da Serra respeita o pedestre”?
