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O NOVO MARCO DA EAD: QUALIDADE, POSSIBILIDADES E DESAFIOS

13/08/2025 18:15

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Não há como negar: o Brasil precisava de mudanças que valorizassem a qualidade da Educação a Distância (EAD). A modalidade, que já provou ser capaz de levar conhecimento aos mais variados cantos do país, precisava de ajustes para responder às demandas contemporâneas de ensino, tecnologia e mercado de trabalho. O novo marco regulatório surge, portanto, como tentativa de alinhar qualidade, inovação e responsabilidade social.
Há um ponto central a ser defendido: a EAD é plenamente viável para formar profissionais de excelência, inclusive em áreas tradicionalmente vistas como “intocáveis” por essa modalidade. A formação de médicos, por exemplo, pode contar com sólida base teórica adquirida em processos virtuais, utilizando recursos interativos, simulações e metodologias ativas.
Em cursos como Psicologia e Enfermagem, parte substancial do aprendizado também pode ser realizada online, sem prejuízo à qualidade, desde que práticas e estágios presenciais sejam assegurados.
A resistência, no entanto, persiste. Conselhos de classe, em sua maioria, ainda não se abrem para essa possibilidade. Há uma visão enraizada de que a qualidade depende exclusivamente da presença física, quando, na verdade, já vemos cirurgias de alta complexidade sendo realizadas com apoio de médicos “à distância”, mediando procedimentos e salvando vidas. A tecnologia já é parte do fazer profissional; a educação precisa acompanhá-la.
O novo marco traz um elemento interessante: a hibridização da educação superior. Ao integrar momentos presenciais e virtuais, a proposta busca o equilíbrio entre flexibilidade e prática supervisionada. Entre os pontos positivos, destacam-se a ampliação de recursos tecnológicos no ensino, a possibilidade de personalizar percursos formativos e o incentivo à atualização docente.
Mas há perdas que não podemos ignorar. A EAD nasceu com o compromisso de democratizar o acesso ao ensino superior, chegando a regiões remotas e “rincões” onde nenhuma universidade presencial se instalaria. Ao impor restrições e reduzir a capilaridade dos polos, corremos o risco de abandonar justamente as populações que mais dependem dessa modalidade.
A reforma, para cumprir seu propósito, deveria ter como eixo central critérios rigorosos de qualidade, não limitações geográficas que inviabilizem o acesso. É fundamental fortalecer a regulação dos polos, fiscalizar a infraestrutura e exigir que as instituições mantenham padrões elevados de tutoria, acompanhamento e avaliação.
A EAD não é inimiga da qualidade; ela é, na verdade, um instrumento poderoso para garanti-la, desde que usada com responsabilidade. O Brasil precisa avançar para que a modalidade seja reconhecida como meio legítimo e eficaz de formação, sem preconceitos, sem retrocessos e com o compromisso de formar profissionais competentes, onde quer que eles estejam.

Arceloni Neusa Volpato é Doutora em Psicolinguística, professora, CEO do ABRV.edu Instituto de Educação e Inovação. Consultora da EST&G Escola Superior de Tecnologia e Gestão. Conselheira técnica da ABT e Membro do Conselho de Ensino Superior da ABED. Contato com a autora: arceloni@gmail.com

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