Do diagnóstico ao acolhimento: a inspiradora jornada do vereador Nixon como pai de autista

' ' : ' '
Nixon Ayrton de Oliveira é conhecido na política lageana por sua atuação firme e sensível no Legislativo. Eleito vereador em 2024, Nixon assumiu o cargo com a missão de representar as famílias e fortalecer as políticas públicas de inclusão. Mas, antes da política, sua maior missão veio de casa: ser pai. E foi na relação com o filho Benjamin, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 8 anos, que ele descobriu sua verdadeira vocação – a de acolher, aprender e lutar por um mundo mais justo para crianças como o seu menino.
Natural de Lages, Nixon tem uma trajetória marcada pelo trabalho desde cedo. Começou no artesanato em vime e, mais tarde, formou-se em mecânica industrial, atuando como torneiro mecânico antes de ingressar na política. Em 2003, conheceu Franciele, com quem construiu uma família sólida e amorosa. Juntos, criaram quatro filhos: Heloísa, Benjamin, Débora e Ana Manuela.
O diagnóstico de Benjamin foi um divisor de águas. Mesmo diante de sinais que já causavam preocupação, ouvir oficialmente que o filho fazia parte do espectro autista foi um baque. “Mesmo quando você já desconfia, receber o diagnóstico é muito difícil. O primeiro passo é aceitar, mas é também o mais doloroso”, relembra Nixon.
O apoio inicial veio de uma professora atenta e sensível, que incentivou a busca por avaliações. Já a recepção da escola, especialmente da direção, foi marcada por resistência e negação. “Isso nos mostrou como ainda existe despreparo, inclusive dentro da educação, para lidar com o autismo”, comenta o vereador.
A partir dali, Nixon mergulhou em uma nova realidade: terapias, especialistas, clínicas e uma rotina de aprendizados constantes. Hoje, Benjamin, com 12 anos, realiza acompanhamento em Lages, na Clínica Acalento, e também em Florianópolis, onde Nixon busca profissionais de referência para oferecer o melhor ao filho. Mesmo com as dificuldades, ele opta por tratamentos particulares sempre que possível, com a intenção de deixar vagas públicas disponíveis para quem mais precisa.
Em casa, a convivência é afetuosa e cheia de nuances. Benjamin tem interesses intensos por temas como pescaria, armamentos e futebol. Apesar das diferenças, o vínculo com os irmãos é forte. “Teve um dia que a Ana colocou ordem na casa. Com um beliscão, mas colocou”, brinca Nixon, com o bom humor que também ajuda a enfrentar os desafios diários.
A experiência pessoal transformou a visão política de Nixon. Aos 43 anos, ele lidera a criação do Estatuto Municipal da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista em Lages, um marco na defesa dos direitos das pessoas com TEA. “Sabemos, na prática, o quanto ainda é difícil garantir acesso às terapias, à educação inclusiva e ao acolhimento nas redes de saúde. Por isso, estamos construindo esse estatuto com base em escuta, diálogo e compromisso com quem vive essa realidade”, afirma.
O projeto reúne profissionais da saúde, educação, representantes de entidades ligadas ao autismo e famílias que compartilham da mesma caminhada. A ideia é consolidar políticas públicas que realmente atendam às necessidades da comunidade autista, ampliando a inclusão e assegurando dignidade.
Com voz embargada, Nixon deixa um recado a outras famílias:
“Não tenham medo. Procurem ajuda, estudem, se informem. O diagnóstico não é o fim. É o começo de uma nova forma de viver – e de amar.”
A história de Nixon e Benjamin é um retrato de superação, mas também um chamado coletivo à empatia, ao acolhimento e à ação. Porque, como ensina esse pai lageano, amar é também lutar.