Consciência Negra: por que o Brasil marca o 20 de novembro como data de reflexão

' ' : ' '
O Brasil celebra o Dia Nacional da Consciência Negra em 20 de novembro, data associada à morte de Zumbi dos Palmares, liderança do maior quilombo do período colonial. A escolha do dia se firmou ao longo das últimas décadas como marco para debates sobre a história da população negra e sobre a atuação de movimentos que questionaram a versão oficial da abolição.
A consolidação do 20 de novembro começou em Porto Alegre, no início dos anos 1970, quando um grupo de universitários discutiu formas de dar visibilidade às lideranças negras apagadas da historiografia tradicional. O grupo passou a defender que o fim da escravidão não poderia ser lembrado apenas pela assinatura da Lei Áurea, mas também pelas ações de quem resistiu à escravização ao longo dos séculos.
Nesse contexto, o quilombo de Palmares ganhou centralidade. Zumbi passou a ser reconhecido como símbolo de organização política e militar de pessoas negras e indígenas que enfrentaram invasões e ataques durante décadas no período colonial. A data da morte do líder, registrada em 1695, tornou-se referência para encontros, debates e atividades promovidas por estudantes e ativistas.
A partir de 1978, a discussão ganhou força com a atuação do Movimento Negro Unificado (MNU), que passou a denunciar casos de racismo e a criticar a ideia de que a abolição teria sido completa. O movimento organizou manifestações que chamavam atenção para desigualdades persistentes e cobravam reconhecimento da participação negra na construção do país.
As ações de grupos negros nos anos 1970 e 1980 resultaram na difusão nacional da data, que mais tarde seria incorporada a calendários oficiais em diferentes cidades antes de se tornar feriado no país. O 20 de novembro segue como momento dedicado à reflexão sobre racismo, memória histórica e trajetórias de resistência.
